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Nise da Silveira

Foi das pessoas mais corajosas que conheci Nise da Silveira foi um dos maiores nomes da ciência no Brasil. Não só porque mudou a face obscura da psiquiatria, e com raro destemor, mas também porque jamais se deixou contaminar pelo vírus positivista que assola parte de nossa universidade. E como a doutora Nise ficou imune? Primeiro pela grande cultura e sensibilidade de sua formação, sem nunca perder o horizonte ético e humanista, que é o que falta a não poucos neurocientistas deslumbrados, ou aos sempre presentes behavioristas, inclusive com novos rótulos. Nise foi mais longe, guiada por um instinto de alteridade como poucos, olhos de lince e majestosa intuição. Conhecia em profundidade Jung, Freud e Lacan. Mas não formava pelotão, nem se dobrava a dialetos estéreis e autocentrados. Foi das pessoas mais corajosas que conheci. Disse-me certa vez que Jung e Freud sabiam bem pouco do inconsciente, o que até hoje não deixa de me encantar pelo espírito raro de abertura[…]. Leia mais no site de O Globo Leia outros texto de Marco Lucchesi no Clipping do CDV

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Gulliver no Brasil

Precisamos vencer o déficit de diálogo Vivemos um tempo de refluxo, um deserto de utopias, cenário em que perdemos a capacidade de sonhar ou de propor uma forte revisão da Agenda Brasil, resultado de amplas zonas de consenso. A depender de certos debates, o Brasil encolheu a olhos vistos, movido por uma intolerância política e um sectarismo religioso que fizeram o país perder altitude. E quanto mais apostarmos no ruído, ou no insulto, quanto mais diminuirmos a qualidade ética dos debates e quanto mais nos afastarmos de parâmetros decididamente republicanos, não cessará a crise política, onde se multiplicam interesses de segunda ordem que não enfrentam com lealdade os desafios da hora presente. Precisamos vencer o déficit de diálogo, rompendo essas bolhas em que nos confinamos, e dentro das quais perdemos nosso tamanho, buscando o antídoto de atitudes cívicas capazes de recuperarem protocolos razoáveis de respeito mútuo, condenando em alto e bom som as práticas de um crescente neofascismo[…]. Leia mais no site de O Globo Leia outros texto de Marco Lucchesi no Clipping do CDV

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Califado digital

Ninguém se iluda com a redução para os 16 anos Em nome de um país, que deveria ser mãe e não madrasta de seus próprios filhos, em nome de uma república moderna, que não rouba o futuro de meninos e meninas, sem escola e sem família, em nome dos avanços do Estatuto da Criança e do Adolescente, não podemos incorrer no erro de aprovar a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, de acordo com a fatídica PEC 171/93. Seria um retrocesso odioso, um acinte aos direitos da cidadania, uma completa falência moral da sociedade brasileira, através de medida populista, de sotaque radical e sectário, cujo ônus recairia, uma vez mais, sobre as camadas desassistidas da população, que pagam, com juros altos, as prestações de uma cidadania incompleta, onde o Estado não chega, não sabe, não busca, ou não quer chegar. Ninguém se iluda com a redução para os 16 anos: a médio prazo faria aumentar, em absurda progressão, o nível de violência, ao matricularem-se os menores nos presídios, quando não passaram sequer pela escola de qualidade, em tempo integral, com frequência obrigatória, seguida, na prática, por uma rede social articulada. Visitem os presídios do país e façam ideia do que significaria a PEC 171. Defendê-la é tornar-se cúmplice do crime de lesa-futuro, que as próximas gerações deverão condenar de forma indignada e resoluta […] Leia mais no site de O Globo Leia outros texto de Marco Lucchesi no Clipping do CDV

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Cultura do ódio

Ninguém se iluda com a redução para os 16 anos Em nome de um país, que deveria ser mãe e não madrasta de seus próprios filhos, em nome de uma república moderna, que não rouba o futuro de meninos e meninas, sem escola e sem família, em nome dos avanços do Estatuto da Criança e do Adolescente, não podemos incorrer no erro de aprovar a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, de acordo com a fatídica PEC 171/93. Seria um retrocesso odioso, um acinte aos direitos da cidadania, uma completa falência moral da sociedade brasileira, através de medida populista, de sotaque radical e sectário, cujo ônus recairia, uma vez mais, sobre as camadas desassistidas da população, que pagam, com juros altos, as prestações de uma cidadania incompleta, onde o Estado não chega, não sabe, não busca, ou não quer chegar. Ninguém se iluda com a redução para os 16 anos: a médio prazo faria aumentar, em absurda progressão, o nível de violência, ao matricularem-se os menores nos presídios, quando não passaram sequer pela escola de qualidade, em tempo integral, com frequência obrigatória, seguida, na prática, por uma rede social articulada. Visitem os presídios do país e façam ideia do que significaria a PEC 171. Defendê-la é tornar-se cúmplice do crime de lesa-futuro, que as próximas gerações deverão condenar de forma indignada e resoluta […] Leia mais no site de O Globo Leia outros texto de Marco Lucchesi no Clipping do CDV

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A FEB e os canabais

Memória da Segunda Guerra não pode terminar Há quase 70 anos terminava o flagelo da Segunda Guerra, com um número impensável de crimes contra a humanidade. Basta recorrer aos livros de Primo Levi ou de Imre Kertész para alcançar o horror dos campos de extermínio. Ouvi desde pequeno a história da guerra contada por meus pais. Nasceram ambos em Massarosa, pequena cidade da Toscana, situada entre Pisa e Lucca. Como explicá-la, sem citar as termas de Nero, sem lembrar as belas colinas, salpicadas de igrejas românicas, ou sem mencionar o lago de Massaciuccoli, de que Puccini era íntimo? Foi a primeira cidade libertada pela FEB, na tarde do dia 16 de setembro de 1944. As narrativas de meu pai eram em preto e branco, mais sentidas, talvez, mais espinhosas, no fim de sua adolescência, ao passo que as histórias de minha mãe, menina ainda, eram coloridas, cheias de inconfundível graça infantil, para recusar, decerto, os absurdos que então feriam seus olhos. Uma diferença de oito anos separava os narradores, a matéria e a espessura das coisas que viveram […] Leia mais no site de O Globo Leia outros texto de Marco Lucchesi no Clipping do CDV

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Saudação do Presidente na Cerimônia de Reinauguração da Sede

  Cerimônia de Reinauguração da Sede 13 de março de 2015 Saudação do Presidente ao Senhor Cardeal e ao público Eminentíssimo Sr. Cardeal, Dom Orani João Tempesta, Exmo. Srs. Bispos, Revmos. Abades, Revmo. Sr. Vigário Episcopal para as Comunicações, Revmos. Reitores de Seminários, Revmos. Sacerdotes, Religiosos e Seminaristas, Srs. Vice-Presidentes e Diretores do Centro Dom Vital, Srs. Sócios e Amigos do Centro Dom Vital, Quis a Providência que a festa de reinauguração desta sede ocorresse em plena Quaresma. Santo Agostinho abre os nossos domingos quaresmais dizendo-nos que “enquanto peregrinos neste mundo, não podemos estar livres das tentações, pois é através delas que se realiza o nosso progresso e ninguém pode conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado. Ninguém pode vencer sem ter combatido, nem pode combater se não tiver inimigos e tentações”. Esta breve passagem de Agostinho nos propõe três questões: quem somos? Que combates travamos? Obteremos vitória? Se nos conhecemos pelas tentações, que podemos dizer de nós, instituição com história quase secular? Recorramos às tentações do passado: elas ensinam-nos hoje que a verdade se conhece também pela simpatia. Conhecendo nossa história, queremos nos comprometer com esta exigência da cultura contemporânea, que é congregar as pessoas por uma espécie de “lealdade ampliada”, pelos sentimentos de confiança. Poderíamos exprimir este espírito novo parafraseando o nosso Maritain: simpatizar para unir, ou seja, trata-se de unir também pelo afeto. Quais os combates do presente? Mantermo-nos fiéis à nossa identidade, o que exige de nós uma atualização. Queremos fazê-lo seguindo as orientações do Vaticano II, de modo especial buscar a verdade e levá-la aos outros pelo diálogo, pelo diálogo ecumênico e inter-religioso. Também Santo Tomás de Aquino foi mestre do diálogo, para o qual é necessária a docilidade: “A docilidade dispõe a receber a reta opinião de outro”, Suma Teológica II-II, q. 49 a. 4 c. A terceira questão versa sobre o nosso futuro. Conseguiremos a vitória? Para não cairmos na tentação responder a esta pergunta com nossas próprias ideias, interpretemos os sinais: a presença de Vossa Eminência é sinal de reconciliação em relação a qualquer ressentimento do passado e que, portanto, estamos livres para ouvir nossos mestres e conquistar outros. Mas sobre o futuro mesmo, só podemos pedir com o Cristo, tentado no deserto, o que diz o salmo 85, e que é a vocação do próprio Centro Dom Vital: “Concedei-me um sinal que me prove a verdade do vosso amor. O inimigo verá que me destes ajuda e consolo”. Carlos Frederico Calvet da Silveira

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A cidade curinga

O Rio vive, uma vez mais, um novo redesenho São Sebastião do Rio de Janeiro é uma das cidades mais inquietas e inabordáveis do mundo. Basta nomeá-la para que prontamente se dissolva e fuja por entre os dedos. Não é como tantas cidades, que vestem folgadamente o corpo de sua inteira jurisdição. A geografia carioca desconhece limites. Não há tecido capaz de cobrir sua nudez. Trata-se menos de uma cidade do que um manancial de metáforas, uma coincidência de opostos. O Rio é uma enorme federação de desejos, atraída pelo futuro, e a ele devotada, sem nenhum sinal de resistência. Adicta do futuro, em vista do qual não mede esforços para apressá-lo, é ao mesmo tempo saudosa de um passado incerto, de que se percebe exilada, ou amnésica, pelo tanto que apagou com seu apetite demolidor. Uma Roma em guerra com a barbárie da especulação. Machado de Assis resume a vertigem de que sofremos cariocas: “Mudaram-me a cidade ou mudaram-me para outra” […] Leia mais no site de O Globo Leia outros texto de Marco Lucchesi no Clipping do CDV

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Duas Solidões Contemporâneas

O cidadão de bem realmente precisa possuir fortaleza incomum para não relativizar os princípios éticos e para resistir às crises de consciência Há muitos modos de se estar só: apesar da onipresença tecnológica, que invade os leitos e os templos, as salas de cinema e as casas de saúde, o homem sente-se cada vez mais só. Não é difícil encontrar solitários nas grandes metrópoles. O século 21 é capaz de produzir uma nova contradição humana, que é parir, na época da conectividade absoluta, o homem desconectado de tudo. Mas essa solidão é voluntária. Há uma outra mais cruel e nociva. O Brasil testemunha o surgimento de uma solidão específica: a solidão do homem honesto. Diferentemente da solidão do anacoreta cibernético, que escolhe alhear-se do mundo à sua volta, esse exílio é imposto aos homens por seus coetâneos. Trata-se do sentimento de que, diante das constantes notícias de roubalheiras e escândalos, os cidadãos não deveriam cumprir as normas éticas e morais. Pensa-se: se os líderes do povo não se ocupam do bem e da justiça, não será o homem comum a lutar para cumprir os princípios morais. E assim nasce o homem solitário, que se sente abandonado no cumprimento da lei e na busca do bem humano. […] Leia mais no site de Gazeta do Povo Leia outros texto de Robson Oliveira no Clipping do CDV

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logotipo branco do Centro Dom Vital

Associação de leigos católicos, dedicada, desde 1922, à difusão da fé e à evangelização da cultura no Brasil: revista A Ordem, palestras, cursos, etc.