Associação de leigos católicos, dedicada, desde 1922, à difusão da fé e à evangelização da cultura no Brasil: revista A Ordem, palestras, cursos, etc.
Conheça a biografia dos presidentes do Centro Dom Vital, desde Jackson de Figueiredo com a fundação do CDV em 1922 até hoje.
Confira também a história de Dom Vital, a história do CDV e equipe atual.
Jackson de Figueiredo (1891 – 1928) foi um dos fundadores e primeiro presidente do CDV. Bacharel pela Faculdade de Direito da Bahia, mudou-se depois para o Rio de Janeiro, onde atuou na advocacia, na imprensa e também como crítico literário. Profundamente marcado pela filosofia metafísica e espiritualista de Farias Brito, de quem era amigo e compadre, Jackson se converteu ao catolicismo em 1918. Admitiu um padrão ultraconservador de religião, sendo um feroz combatente do materialismo positivista, do cientificismo, do socialismo e do comunismo, tendo recebido a alcunha de “cão de guarda da Igreja” – tamanha a sua veemência e inflexibilidade em defesa da ortodoxia católica. Morreu tragicamente afogado, em 1928, durante uma pescaria, na Barra da Tijuca (RJ), quando estava em companhia de um cunhado e de um dos seus filhos. Não deixou uma obra muito significativa, com a exceção de sua imensa correspondência (parcialmente publicada) e do livro Pascal e a inquietação moderna (1924), que muito marcou a sua geração e os rumos ideológicos da mesma.
Alceu Amoroso Lima (1893 – 1983) foi o presidente mais longevo do CDV, tendo ocupado este cargo de 1928 a 1967. Um dos intelectuais mais importantes da história do pensamento brasileiro, assumiu o pseudônimo Tristão de Athayde em 1919, quando começou a sua atuação como crítico literário em uma coluna semanal de O Jornal. Por esta época, iniciou uma longa correspondência com Jackson de Figueiredo, anos antes da fundação d’A Ordem e do Centro, que influenciou de forma decisiva a conversão definitiva de Alceu ao catolicismo, ocorrida em 1928. Com a morte inesperada de Jackson, em novembro deste mesmo ano, Alceu aceitou o pedido feito pelo Cardeal Dom Sebastião Leme e assumiu a presidência do CDV, iniciando uma gestão marcada pela forte presença do Centro nos mais relevantes meios culturais e intelectuais do país. Foi durante a presidência de Alceu que o Centro se espalhou por todo o Brasil, abrindo núcleos em todas as regiões brasileiras, com particular atenção ao sudeste e ao nordeste. Autor de uma vasta obra que ultrapassa os 130 títulos, destaco a série dos Estudos (1919 a 1926) e Memórias Improvisadas (1973).
Eduardo Prado de Mendonça (1924 – 1971) assumiu interinamente a presidência do CDV em 1967 logo após um dos momentos mais críticos de sua história, já que os anos seguintes ao Concílio Vaticano II (1962 – 1965) testemunharam uma profunda crise de identidade no Centro, que se viu dividido entre os seguidores de Gustavo Corção (que negavam violentamente as mudanças conciliares) e os de Alceu Amoroso Lima (que assumiram de forma entusiástica as reformas do Concílio). Tal celeuma provocou rupturas e separações e abandonos de inúmeros sócios e diminuindo, de certa forma, a atuação do Centro na sociedade da época. Eduardo Prado de Mendonça assumiu a presidência interina no auge desta turbulência ideológica, imprimindo equilíbrio e manejo na resolução de inúmeros problemas. Grande filósofo e professor universitário de renome, foi autor de uma importante obra de crítica tomista que ainda se faz atual, com particular destaque para os livros O mundo precisa de filosofia (1968) e O Socratismo Cristão e as Origens da Metafísica Moderna (1975).
Heráclito Sobral Pinto (1893 – 1991) foi um dos maiores juristas brasileiros, sempre lembrado pela defesa apaixonadas da democracia e dos direitos humanos. Foi advogado de inúmeros presos políticos, nos diferentes momentos de repressão militar pelos quais o Brasil passou, o que motivou a sua prisão por parte do governo federal, em 1968. Na fase da reabertura política no início da década de 1980, participou do movimento “Diretas Já”. No histórico comício da Candelária, defendeu o restabelecimento das eleições diretas para a presidência da República, lendo o artigo primeiro da Constituição Federal. Durante o seu período na presidência (1971 – 1991), o CDV já não tinha o mesmo movimento anterior, contava com um número menor de sócios e uma boa parte da primeira geração do Centro já tinha falecido. É sempre lembrado por sua gigantesca correspondência, e também pelos livros Lições de liberdade (1977) e Por que defendo os comunistas (1978), dentre tantos outros.
Tarcísio Padilha (1928-2021) assumiu o CDV em 1991, logo após a morte de Sobral Pinto. Considerado um dos mais importantes filósofos brasileiros, foi juiz do trabalho e professor universitário em inúmeras instituições, tendo exercido cargos em comissões e secretariados no Brasil e também no exterior. Foi responsável pela introdução, nos estudos filosóficos brasileiros, da obra e do pensamento de Louis Lavelle. Em 1997, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, a qual presidiu entre 2000-2001. Integrou, na Santa Sé, o Pontifício Conselho para a Família, no pontificado de São João Paulo II. No fim do seu mandato, em 2009, Tarcísio Padilha foi responsável pelo renascimento do CDV, com a reabertura das suas atividades e posterior extensão a universidades e outros centros de pesquisa. De sua vasta obra publicada, destaco Dr. Alceu e o Laicato Hoje no Brasil (1993) e Uma Ética do Cotidiano (1999).
Luiz Paulo Horta (1943 – 2013) foi presidente do CDV de 2011 a 2013. Substituiu Tarcísio Padilha e deu continuidade ao renascimento e reorganização do Centro. Seu mandato foi marcado por inúmeras mudanças da sede social do CDV, o que gerou certa instabilidade e necessidade de readequação de espaços e acervos. Jornalista de longa carreira, Luiz Paulo Horta era um profundo conhecedor de música, especialmente piano, que tocava com maestria, além de arguto historiador e crítico musical. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2008. Morreu de forma inesperada em 2013, logo após fazer a cobertura da visita do Papa Francisco, por conta da Jornada Mundial da Juventude, ocorrida no Rio de Janeiro, naquele ano. Publicou A Bíblia: um Diário de Leitura (2011) e De Bento a Francisco: uma Revolução na Igreja (2013), dentre tantos outros livros.
Carlos Frederico Calvet da Silveira (1958) assumiu a presidência do CDV após a morte repentina de Luiz Paulo Horta, iniciando o seu mandato em 2014 e permanecendo até 2019. Sua presidência foi marcada por um imenso esforço na renovação do quadro de sócios efetivos, bem como o retorno do Centro ao seu antigo e histórico endereço, na Rua Araújo Porto Alegre, centro do Rio, após um longo período de reformas deste espaço físico. Carlos Frederico é filósofo com sólida formação em universidades do Brasil e do exterior, tendo larga experiência no magistério superior de filosofia e outras disciplinas afins. Com uma grande obra publicada, especialmente artigos e ensaios acadêmicos, destaco o livro A Metafísica do Cinema de Robert Bresson (2010).
Ricardo Cravo Albin (1940) assumiu a presidência do CDV em 2019, permanecendo nela por apenas um ano. Um dos maiores especialistas em música do país, é considerado um dos mais importantes pesquisadores da Música Popular Brasileira. Cravo Albin fundou e dirigiu o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, entre 1965 e 1971, além de outros análogos em várias cidades brasileiras. Foi ainda diretor geral da Embrafilme e presidente do Instituto Nacional de Cinema. É também autor, desde 1973, de aproximadamente 2.500 programas radiofônicos para a Rádio MEC. De sua produção bibliográfica, destacam-se os livros De Chiquinha Gonzaga a Paulinho da Viola (1976) e Dicionário Cravo Albin da MPB (2002).
Renato Beneduzi (1984) é o atual presidente do Centro Dom Vital. Professor de Direito Processual Civil na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO) e advogado, estudou nos colégios São Vicente de Paulo e Santo Agostinho (Leblon), graduou-se em Direito pela PUC-RIO, fez mestrado na Universidade de São Paulo e doutorado na Universidade de Heidelberg. Foi também pesquisador visitante nas universidades de Oxford, Florença, Munique e Cambridge. Escreveu, entre outras obras, seus Comentários ao Código de Processo Civil (vol. 2), publicados pela editora Revista dos Tribunais, Actio und Klagrecht bei Theodor Muther, publicado pela editora Jedermann, e Equity in the Civil Law Tradition, publicado pela editora Springer.
Biografias gentilmente escritas pelo sócio Leandro Garcia.
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