Memória da Segunda Guerra não pode terminar
Há quase 70 anos terminava o flagelo da Segunda Guerra, com um número impensável de crimes contra a humanidade. Basta recorrer aos livros de Primo Levi ou de Imre Kertész para alcançar o horror dos campos de extermínio.
Ouvi desde pequeno a história da guerra contada por meus pais. Nasceram ambos em Massarosa, pequena cidade da Toscana, situada entre Pisa e Lucca. Como explicá-la, sem citar as termas de Nero, sem lembrar as belas colinas, salpicadas de igrejas românicas, ou sem mencionar o lago de Massaciuccoli, de que Puccini era íntimo? Foi a primeira cidade libertada pela FEB, na tarde do dia 16 de setembro de 1944.
As narrativas de meu pai eram em preto e branco, mais sentidas, talvez, mais espinhosas, no fim de sua adolescência, ao passo que as histórias de minha mãe, menina ainda, eram coloridas, cheias de inconfundível graça infantil, para recusar, decerto, os absurdos que então feriam seus olhos. Uma diferença de oito anos separava os narradores, a matéria e a espessura das coisas que viveram […]