Escola no cárcere não é luxo, mas imperiosa necessidade
Numa chuvosa manhã de agosto, visitei o Colégio Estadual Angenor de Oliveira Cartola. Situado no presídio Esmeraldino Bandeira, pode-se dizer que foi erguido pelas mãos de seus alunos, como num motivo libertário, a partir do tijolo ecológico fabricado na prisão. Quase um destino! Vejo os professores Ralf e Evaldo, o primeiro há poucos meses na escola, e o segundo, com mais de 20 anos. Tomamos café na sala dos professores. E logo me dou conta de que ambos não perderam a esperança. Ralf é professor de Arte. Leva seus alunos (não detentos, atenção!) a muitas viagens no universo da cor. Mostra-me um trabalho de origami, de oriental delicadeza, feito em sala. O professor Evaldo ensina como a História se entrelaça com a biografia de seus alunos, enquanto sua colega Miriam diz ter encontrado no Angenor de Oliveira a estratégia para evitar que meninos de uma certa escola da periferia façam escolhas perigosas. Professores com grande energia, conscientes do papel que exercem intramuros.
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