Blog

A vitória dos Grouchos

Robson de Oliveira Silva Diretor do Centro Dom Vital O ator Julius Marx, mais conhecido pelo pseudônimo artístico Groucho Marx, deixou-nos legado reconhecido no cinema do século XX. Se é verdade que, segundo Aristóteles, o gênero literário comédia não é o melhor, pois cabe à tragédia e à epopeia realizar a catarse necessária às artes,  não se pode menosprezar o poder desmoralizante de uma bela gargalhada ou o caráter destruidor de uma ironia fina e jocosa, mesmo nos ambientes mais belicosos e hostis. De fato, há algo de catártico também numa piada. Por isso, não à toa, todas as ditaduras do passado (e as atuais tão perto de nós) ou vigiaram ou aparelharam essa classe política perigosa: o comediante. Em tempos de eleição, como não trazer para a reflexão assunto tão comum: humor e política? E Groucho Marx é um dos espíritos capazes de trazer à luz, com o gume afiado das palavras, a grave situação pela qual passa o país. É reconhecido como de sua lavra o seguinte apotegma: “Esses são meus princípios, mas se não gosta deles tenho outros”. Não se sabe se por razões existenciais ou por estratégia de ofício, a hipocrisia de todos os dias sempre foi tema do caçula Marx. Se a sentença do comediante americano não fora forjada para o ambiente tupiniquim, não há dúvida alguma de que encarna perfeitamente o estado atual da vida política brasileira. A máxima do comediante mede com extrema precisão a febre que toma nosso Brasil, de norte a sul. Com efeito, a nação brasileira passa por uma crise de princípios, os brasileiros se transformaram em marias-moles, indivíduos sem coluna vertebral. A maioria deles se dobra para cá ou para lá, ao sabor de interesses, licitações arranjadas ou cargos comissionados. Quaisquer 30 moedas fazem água em vidas de falsas virtudes suntuosamente  propagandeadas. Todos afinam o discurso à plateia, cuidando de não ferir suscetibilidades, obedecendo docilmente à opinião pública.  Onde estão os políticos de fibra? Onde estão os indivíduos de princípios? Ainda restam pessoas com valores humanos seguros? Para onde se leva o olhar só se encontram ambiguidades. Sobre todos paira uma indeterminação genérica: não é raro que o mesmo político contrarie princípios defendidos em outras paragens. O que ontem foi ponto de honra, amanhã resta desprezado, em nome da governabilidade, ou sob a pressão de grupos minoritários que promovem o terror. Faltam-nos homens e mulheres de verdade, que não se dobram por qualquer benefício. Tem-se a impressão de que a honestidade é uma ilha, que a justiça é uma ilha, que honradez é uma ilha, cercada de Grouchos por todos os lados. Todos com santinhos nas mãos implorando nossos votos.

Ler mais »

Nova Política?

É preciso realmente abrir as janelas da democracia A democracia de nosso tempo se debate com as velhas formas, de baixa intensidade, como se estivesse presa num labirinto que não para de crescer, voltada para si mesma, como realidade única. Trata-se de um monstro voraz, tentacular, labirinto sem fio de Ariadne, que impede a irrupção do novo porque não admite saídas de emergência. Nutre-se de uma herança de resíduos, obstinados, quase moribundos, como a ideia de território, que já não conhece limites, a de soberania, cujo prazo de validade parece ter expirado, assim como a ideia de povo, cada vez mais incerta e estilhaçada. Surgem de toda parte profetas da nova democracia a revelar em algum lugar do passado o elo perdido da “verdadeira democracia”, ou clamando por um novo absoluto, uma democracia tangível, perfeita, sem manchas do passado, projetada como a nova religião do futuro por uma invicta legião de santos. […] Leia mais no site de O Globo Leia outros texto de Marco Lucchesi no Clipping do CDV  

Ler mais »

A Ordem, livro do Prof. Candido Moreira Rodrigues

O prof. Candido Moreira Rodrigues publicou recentemente um livro muito interessante sobre a revista A Ordem, o órgão oficial de comunicação do Centro Dom Vital. O autor é um dedicado estudioso da história do Brasil e não ignora esse momento importantíssimo da política do país. De fato, o Centro Dom Vital e seu órgão oficial de diálogo com a sociedade, a revista A Ordem, condensam a intelectualidade católica a partir dos anos 1920. Poetas, literatos, filósofos, historiadores, sociólogos, teólogos e intelectuais de todas as áreas emprestaram seu talento às páginas de uma das revistas mais importantes do país durante mais de 50 anos! O livro pode ser encontrado no site da Livraria Cultura.

Ler mais »

Seminário “Em defesa da Vida Humana”

Nos dias 18 e 19 próximos haverá na Uerj o seminário “Em defesa da Vida Humana” Multiplicadores em Defesa da Vida – Capacitação para palestras nas Escolas Local: UERJ – R. São Francisco Xavier, 524, Maracanã – Auditório 113 – 11º andar – bloco F Dia/Horário: 18 de setembro (13h30 às 18h00) 19 de setembro 0(9h00 às 18h00)   Objetivo: Capacitar para dar palestras em escolas de ensino médio sobre o tema aborto. Serão concedidos certificados – CH, para os 50 primeiros que chegarem! É também informar aos presentes sobre toda a contextualização que envolve este tema. É valorizar a vida humana desde à concepção! Não é necessária inscrição prévia. PROGRAMAÇÃO – 1º dia: HISTÓRICO DO CONTROLE POPULACIONAL (Eduardo Melo – Graduado em Ciências pela Escola Naval, com especialização em Administração, estudou Economia pela Universidade Federal Fluminense; Mestre em Administração de Sistemas; Pós-graduado em Liderança e Estado Maior;. Especialista em Educação foi Diretor do Colégio Everest Internacional e atualmente segue sua especialização em Filosofia e Ciências da Família) – Origem; – Objetivos; – Estratégias; – Quem são; – Últimas ações; – Principais enganos e erros; – Argumentos, contra argumentos e respostas. ESTATUTO DO NASCITURO – PL 478/2007, que tramita na Câmara dos Deputados PROJETO DE REFORMA DO CÓDIGO PENAL – DIREITO A VIDA – PLS 236/2012, que tramita no Senado Federal. (Paulo Silveira Martins Leão Jr.- Bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ; Advogado, desde 1979; Procurador do Estado do Rio de Janeiro (atualmente de categoria especial), desde junho de 1985, em razão de aprovação em concurso público de provas e títulos; Presidente da União dos Juristas Católicos do Rio de Janeiro desde 2001; autor de artigos, individualmente e em co-autoria, e participação em entrevistas sobre temas diversos e de Bioética, publicados em sites, revistas e em jornais; participação como expositor em audiências públicas envolvendo temas de Bioética perante a Câmara dos Deputados, Senado Federal, Conselho Nacional de Saúde e Supremo Tribunal Federal) PROGRAMAÇÃO – 2º dia: MOVIMENTO NACIONAL DA CIDADANIA PELA VIDA – BRASIL SEM ABORTO (Jaime Ferreira Lopes – . Bacharel em Direito; Assessor parlamentar da Câmara dos Deputados; Vice-presidente do Movimento Nacional da Cidadania Pela Vida “Brasil sem Aborto) – Breve Histórico. – A importância da sociedade civil na luta pelos direitos à vida; – Principais vitórias. – Principais desafios. AÇÕES DO PODER EXECUTIVO BRASILEIRO – Iniciativas do Ministério da Saúde (normas técnicas, PSD como controle populacional); – Iniciativas do Ministério da Educação; – Carta compromisso da Presidenta Dilma Rousseff; – Lei 12.845, de 01/08/2013. EVOLUÇÃO GESTACIONAL E CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA ABORTO, MÉTODOS ABORTIVOS E CONSEQUÊNCIAS (Luciana Lopes Lemos –  Mestre em Saúde Pública – ENSP/FIOCRUZ; Chefe de equipe da Maternidade Maria Amélia Buarque de Holanda, RJ; Ginecologista Obstetra – HCPM/RJ; Coordenadora de Assuntos Bioéticos e Científicos do Comitê Brasil Sem Aborto – RJ) APRESENTAÇÃO DA AULA MODELO Allan Araújo – (Presidente da Associação Nacional da Cidadania Pela Vida – ADIRA) Secretária Executiva Jane Chantre Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto do Estado do Rio de Janeiro

Ler mais »

Além das grades

Escola no cárcere não é luxo, mas imperiosa necessidade Numa chuvosa manhã de agosto, visitei o Colégio Estadual Angenor de Oliveira Cartola. Situado no presídio Esmeraldino Bandeira, pode-se dizer que foi erguido pelas mãos de seus alunos, como num motivo libertário, a partir do tijolo ecológico fabricado na prisão. Quase um destino! Vejo os professores Ralf e Evaldo, o primeiro há poucos meses na escola, e o segundo, com mais de 20 anos. Tomamos café na sala dos professores. E logo me dou conta de que ambos não perderam a esperança. Ralf é professor de Arte. Leva seus alunos (não detentos, atenção!) a muitas viagens no universo da cor. Mostra-me um trabalho de origami, de oriental delicadeza, feito em sala. O professor Evaldo ensina como a História se entrelaça com a biografia de seus alunos, enquanto sua colega Miriam diz ter encontrado no Angenor de Oliveira a estratégia para evitar que meninos de uma certa escola da periferia façam escolhas perigosas. Professores com grande energia, conscientes do papel que exercem intramuros. […] Leia mais no site de O Globo Leia outros texto de Marco Lucchesi no Clipping do CDV  

Ler mais »

Credo dos Ricos

Credo dos Ricos Robson Oliveira   Se Deus está na larva e no frango, por que tanta grita e espanto, quando a uns falta tudo e a outros sobra tanto?   Se Deus é na goiaba e no verme, Não se entende o enojo do imberbe quando no fruto mordido só do bicho metade se percebe.   Se Deus é arte e ignorância, se culinária e carne putrefata, por que do pobre se faz defesa com artigos, greve e passeata?   Se Deus está na cobertura ou na palafita, e se entre estas não há diferença, explique essa dor profunda e incontida ao ouvir o lamento famélico de uma criança.   Se ser pobre ou rico é desígnio divino, se animal ou humano dá tudo no mesmo: Aos desvalidos mesmo acaba traindo, ó apologeta de ricos e bem-nascidos.   Mas Homem é mais que mundo, ó amigo! Mais que sarampo, mais que furúnculo, mais que umbigo! É amor à vida, amor à terra, amor à planta; mas também amor que nega, amor que sofre, amor que canta.   Se Deus está em tudo e é Amor, amor e tudo não é Deus, ó meu ‘sinhô’, não está do mesmo modo, dizia vovô: na panela, no carvão e no fogo o “calô”.

Ler mais »

Crise de Humanismo

Meditando sobre o caminho que a ciência havia tomado na primeira metade do século 20, o filósofo alemão Edmund Husserl emitiu um juízo que – à época – poderia soar um tanto catastrofista. Após passar pela guerra mais sangrenta de todas, a Primeira Guerra Mundial, ele pôde dizer: “Na miséria de nossa vida (…), esta ciência não tem nada a nos dizer. Ela exclui em princípio aqueles problemas, os mais candentes para o homem”. Sua crítica levantava-se contra um tipo de ciência positivista, demasiado técnica, que prometia muito mais do que era capaz de cumprir. A paz desejada, o progresso sonhado, a justiça esperada talvez não fosse um corolário necessário do avanço científico. O tempo passou, o mundo mudou significativamente, mas a intuição de Husserl não foi contraditada. Ainda que os enormes avanços científicos revelem ao homem um mundo escondido sob milímetros quadrados, ainda que a tecnologia nos ensine cada vez mais sobre cada vez menos, o problema que é o homem continua por se resolver. Perguntas sobre a felicidade humana, sobre sua realização como indivíduo, sobre sua natureza e finalidade, essas questões maximamente humanas ainda aguardam respostas satisfatórias. E a fome continua a esmurrar às portas do século 21: fome de comida, de fato, mas também fome de verdade, fome de justiça, fome de beleza, fome de amor! […] Leia mais no site de Gazeta do Povo Leia outros texto de Robson Oliveira no Clipping do CDV

Ler mais »

A cólera e a luz

Morte de civis em Gaza é uma afronta ao mundo civilizado Meu caro Paolo dall’Oglio, escrevo-lhe esta carta aberta porque não sei de seu destino, após um ano de sequestro nas mãos do Estado Islâmico da Síria e do Levante, que hoje se proclama como um califado de sangue e horror. As notícias são confusas: ora você aparece vivo, ora morto, ora fuzilado em Raqa, ora supliciado nos porões do regime de Assad, em Damasco. Um emaranhado de hipóteses, piedosas ou conspiratórias, criam uma nuvem de angústia. Os que desejam realmente a paz no Oriente Médio, sem vitoriosos e perdedores, lamentam sua ausência, pois você tem sido um farol neste mar de sangue e atrocidade, um arauto da paz em meio a crimes de guerra e terrorismo, praticados pelo Estado ou a varejo, com apoio mais ou menos direto das grandes potências e com o assistencialismo das Nações Unidas, que parecem bombeiros que chegam tarde, para receber sua parte da herança dos mortos, na maior parte velhos, mulheres e crianças. […] Leia mais no site de O Globo Leia outros texto de Marco Lucchesi no Clipping do CDV  

Ler mais »

Domínio da Opinião Publicada

Robson de Oliveira Silva Membro do Centro Dom Vital   Uma das características da ciência é sua tenacidade: quando uma pergunta é mal respondida, ela retorna persistentemente. O tema do Cristo Redentor do Corcovado já rendeu artigos em jornais e até reflexões (a)críticas de atalaias da imprensa, mas a pergunta continua na mesa. O ponto comum entre os comentaristas do episódio é a insistência em não dar voz ao contraditório no debate. A profusão de textos e comentários tenta dar a impressão de que a sociedade civil está em unânime desacordo com a primeira decisão da Arquidiocese do Rio de Janeiro, detentora dos direitos sobre a imagem da escultura. Mais: os que leem o jornal ou ouvem as sentinelas podem imaginar que há uma irreconciliável disputa entre os legítimos direitos da sociedade civil e as atividades civis dos cidadãos religiosos. A se dar ouvidos a Belloto, Boch, Rónai et caterva, a sociedade laica é aquela que não só ignora as demandas, mas a que impõe restrições cada vez maiores às atividades dos cidadãos e das organizações religiosas de qualquer credo. Deixemos que alguém isento, a quem não se pode acusar impunemente de “piegas” (como o ateu Jürgen Habermas), desfaça esse sofisma. Após algumas décadas de estudos sobre sociedade e religião, o pensador alemão discorda dos brilhantes e gabaritados articulistas e comentaristas, que pretendem submeter os cidadãos religiosos às suas opiniões publicadas nos jornais. Se pudessem – como o evento demonstrou – até a Constituição Federal seria ignorada em nome de suas preferências. Habermas, pelo contrário, afirma que: A neutralidade ideológica do poder do Estado que garante as mesmas liberdades éticas a todos os cidadãos é incompatível com a generalização política de uma visão do mundo secularizada. Em seu papel de cidadãos do Estado, os cidadãos secularizados não podem nem contestar em princípio o potencial de verdade das visões religiosas do mundo, nem negar aos concidadãos religiosos o direito de contribuir para os debates públicos servindo-se de uma linguagem religiosa[1]. A correta e justa laicidade do estado não significa a supressão do discurso e do direito à opinião nos assuntos públicos dos cidadãos religiosos e de suas organizações. Antes, significa que nem um lado deve impor pela força sua perspectiva sobre o outro, mas se incentiva a liberdade de expressão e o diálogo entre as partes. Para arrepio dos articulistas e vigias da imprensa, não vem do arcebispo ou da cúria do Rio de Janeiro, mas é o próprio Habermas quem alerta que “a filosofia[2] tem também motivos para se manter disposta a aprender com as tradições religiosas”[3]. O lastimável massacre da liberdade de se crer, testemunhada nas últimas semanas, nada tem a ver com democracia, nem com liberdade, muito menos com bom jornalismo. E isso independe do fim equivocado do episódio. Ainda que a Arquidiocese mantivesse sua primeira decisão, o evento seria um ponto cinza na história do jornalismo carioca. Trata-se da decisão vergonhosa de não permitir o contraditório, de amordaçar o diferente. Se ouvir os argumentos contrários não bastasse para mudar a posição dos debatedores, ao menos poderia dar aos leitores e ouvintes uma ideia mais clara dos temas que estão em jogo; e se nem isso fosse alcançado no diálogo, ao menos daria a possibilidade de defesa aos réus da opinião jornalística publicada. O que se viu nesses dias foi o desfile de opiniões sobre e a despeito do que a ciência sociológica mais abalizada preconiza. Tudo isso seguido da decisão de ceder à pressão dos jornais. Mas adivinha: a pergunta ainda está em cima da mesa. [1]HABERMAS, Jürgen; RATZINGER, Joseph. Dialética da secularização: sobre razão e religião. Aparecida: Ideias e Letras, 2007, p. 57. [2] [ou a racionalidade laica – comentário nosso] [3]HABERMAS, Jürgen; RATZINGER, Joseph. Dialética da secularização: sobre razão e religião. Aparecida: Ideias e Letras, 2007, p. 47.

Ler mais »
logotipo branco do Centro Dom Vital

Associação de leigos católicos, dedicada, desde 1922, à difusão da fé e à evangelização da cultura no Brasil: revista A Ordem, palestras, cursos, etc.