Publicações

Capa da revista A Ordem vol 98 nº 1, publicada pelo Centro Dom Vital em setembro de 2014

Volume 98 Nº 1 – Setembro de 2014

Volume 98 Nº 1 da revista “A Ordem“, publicada pelo Centro Dom Vital em setembro de 2014 Índice Apresentação Aspectos da História do Centro Dom Vital Uma chave de leitura para a Evangelii Gaudium O Pensamento de Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI A Atualidade de Santo Tomás de Aquino Memória do Centro Dom Vital Por que “A Ordem” não pode ser noticiosa Vencido o segundo ano… A Ordem Vol 98 Nº 1 – Setembro de 2014

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Credo dos Ricos

Credo dos Ricos Robson Oliveira   Se Deus está na larva e no frango, por que tanta grita e espanto, quando a uns falta tudo e a outros sobra tanto?   Se Deus é na goiaba e no verme, Não se entende o enojo do imberbe quando no fruto mordido só do bicho metade se percebe.   Se Deus é arte e ignorância, se culinária e carne putrefata, por que do pobre se faz defesa com artigos, greve e passeata?   Se Deus está na cobertura ou na palafita, e se entre estas não há diferença, explique essa dor profunda e incontida ao ouvir o lamento famélico de uma criança.   Se ser pobre ou rico é desígnio divino, se animal ou humano dá tudo no mesmo: Aos desvalidos mesmo acaba traindo, ó apologeta de ricos e bem-nascidos.   Mas Homem é mais que mundo, ó amigo! Mais que sarampo, mais que furúnculo, mais que umbigo! É amor à vida, amor à terra, amor à planta; mas também amor que nega, amor que sofre, amor que canta.   Se Deus está em tudo e é Amor, amor e tudo não é Deus, ó meu ‘sinhô’, não está do mesmo modo, dizia vovô: na panela, no carvão e no fogo o “calô”.

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Crise de Humanismo

Meditando sobre o caminho que a ciência havia tomado na primeira metade do século 20, o filósofo alemão Edmund Husserl emitiu um juízo que – à época – poderia soar um tanto catastrofista. Após passar pela guerra mais sangrenta de todas, a Primeira Guerra Mundial, ele pôde dizer: “Na miséria de nossa vida (…), esta ciência não tem nada a nos dizer. Ela exclui em princípio aqueles problemas, os mais candentes para o homem”. Sua crítica levantava-se contra um tipo de ciência positivista, demasiado técnica, que prometia muito mais do que era capaz de cumprir. A paz desejada, o progresso sonhado, a justiça esperada talvez não fosse um corolário necessário do avanço científico. O tempo passou, o mundo mudou significativamente, mas a intuição de Husserl não foi contraditada. Ainda que os enormes avanços científicos revelem ao homem um mundo escondido sob milímetros quadrados, ainda que a tecnologia nos ensine cada vez mais sobre cada vez menos, o problema que é o homem continua por se resolver. Perguntas sobre a felicidade humana, sobre sua realização como indivíduo, sobre sua natureza e finalidade, essas questões maximamente humanas ainda aguardam respostas satisfatórias. E a fome continua a esmurrar às portas do século 21: fome de comida, de fato, mas também fome de verdade, fome de justiça, fome de beleza, fome de amor! […] Leia mais no site de Gazeta do Povo Leia outros texto de Robson Oliveira no Clipping do CDV

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A cólera e a luz

Morte de civis em Gaza é uma afronta ao mundo civilizado Meu caro Paolo dall’Oglio, escrevo-lhe esta carta aberta porque não sei de seu destino, após um ano de sequestro nas mãos do Estado Islâmico da Síria e do Levante, que hoje se proclama como um califado de sangue e horror. As notícias são confusas: ora você aparece vivo, ora morto, ora fuzilado em Raqa, ora supliciado nos porões do regime de Assad, em Damasco. Um emaranhado de hipóteses, piedosas ou conspiratórias, criam uma nuvem de angústia. Os que desejam realmente a paz no Oriente Médio, sem vitoriosos e perdedores, lamentam sua ausência, pois você tem sido um farol neste mar de sangue e atrocidade, um arauto da paz em meio a crimes de guerra e terrorismo, praticados pelo Estado ou a varejo, com apoio mais ou menos direto das grandes potências e com o assistencialismo das Nações Unidas, que parecem bombeiros que chegam tarde, para receber sua parte da herança dos mortos, na maior parte velhos, mulheres e crianças. […] Leia mais no site de O Globo Leia outros texto de Marco Lucchesi no Clipping do CDV  

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O genocídio dos cristãos no Oriente Médio

Ivanaldo Santos PhD em filosofia, escritor e professor universitário ivanaldosantos@yahoo.com.br Atualmente muito se fala em violência, em guerras e em no extermínio em massa de seres humanos. Vemos uma série de setores da sociedade denunciando e condenando esse tipo de extermínio. Entre esses setores é possível citar: organizações internacionais, a ONU, a União Europeia, associações de juristas, grupos que lutam pelos direitos humanos, setores da grande mídia e da intelectualidade universitária. No entanto, no momento, está em pleno andamento um massacre, quase um genocídio, que não tem sido alvo dos interesses dos setores da sociedade ligados à ética, aos direitos humanos e as denúncias de uso da violência contra inocentes e contra civis. Esse massacre ocorre atualmente no Oriente Médio contra a minoria cristã que mora nessa região. O massacre de cristãos ocorre principalmente no Iraque e na Síria. A situação dos cristãos no Oriente Médio, especialmente no Iraque e na Síria, nunca foi fácil. Trata-se de uma minoria religiosa e, muitas vezes, étnica. No entanto, até o final da década de 1990 essa minoria gozava de certa tranquilidade e, apesar de todas as discriminações, as comunidades cristãs viviam em relativa paz. O problema se agravou a partir de 2003 com a invasão do Iraque por uma coalisão militar liderada pelos EUA. Grupos extremistas islâmicos viram essa invasão como uma forma de ajudar os cristãos e, por causa disso, lançaram uma violenta onda de perseguição e morte a essa minoria. A situação piorou com a eclosão da guerra civil na Síria em março de 2011. A guerra civil na Síria trouxe a toma uma onda de violência extremista, de fundamentalismo islâmico e de perseguição aos cristãos. A vida dos cristãos piorou ainda mais com o anuncio da criação do chamado Estado Islâmico (EI) no dia 30/06/2014. Os extremistas ligados ao Estado Islâmico e a outras facções fundamentalistas têm sistematicamente perseguidos os cristãos. Os cristãos são expulsos de suas casas, as mulheres cristãs são estupradas, milhares de cristãos foram enforcados, fuzilados e até mesmo crucificados. Tudo isso pelo fato de essas pessoas serem cristãs. As casas dos cristãos são destruídas, suas igrejas, mosteiros, conventos e outras estruturas religiosas são destruídos, padres são assassinados e freiras e monjas estupradas, crianças cristãs estão sendo vendidas como escravas ou obrigadas a se casarem com militantes extremistas. Os líderes do Estado Islâmico deram apenas três opções para os cristãos permanecerem em suas casas na região do Iraque e da Síria, sendo elas: a conversão forçada ao Islã, a morte ou então pagarem um imposto muito elevado pelo fato de não serem seguidores de alguma doutrina radical do Islã. Até o presente momento não se têm, com precisão, os números de quantos cristãos foram assassinados e de quantos fugiram de suas casas e comunidades. No entanto, os números preliminares são assustadores. Antes de 2003, ano da invasão ao Iraque pela coalisão militar, o Iraque tinha 1,5 milhão de cristãos. Hoje, após várias ondas e perseguição, calcula-se que existam apenas 400 mil. Na síria que, antes do início da guerra civil, tinha uma população estimada de 3 milhões de cristãos, hoje esse número caiu pela metade. Por causa desses tristes números, o massacre e expulsão dos cristãos do Iraque e da Síria poderá ser o pior genocídio que a humanidade presenciou nas últimas décadas. O genocídio dos cristãos no Oriente Médio poderá superar o genocídio de Ruanda que, em 1994, matou mais de meio milhão de membros da minoria tutsis e membros de outros grupos étnicos. Diante dessa triste situação, é urgente que a comunidade internacional (ONU, OEA, União Europeia, EUA, etc.) se mobilize para deter a violência promovida por grupos radicais islâmicos na região do Iraque e da Síria e, ao mesmo tempo, proteger a integridade física das minorias que moram nessa região, entre essas minorias ganham destaque os cristãos. As estruturas da sociedade não podem ficar caladas, não podem se omitir diante do genocídio dos cristãos no Oriente Médio.

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O Conceito de Pessoa na Antropologia Filosófica de Karol Woityla, o Papa João Paulo II

Anna Maria Moog Rodrigues Membro do Centro Dom Vital Foi-me encomendado um estudo sobre a antropologia de Karol Woytila, o Papa João Paulo II, de tão saudosa memória. Considerei que para falar da antropologia de Woityla e o que nela há de inovador, seria preciso remontar ao próprio conceito de pessoa e de como este conceito apareceu e evoluiu através da história. Naturalmente, a temática requereria livros e livros e a apresentação oral requereria alguns cursos. Mas, não esmorecendo da tarefa, tive a enorme pretensão de apresentar o que coube do tema no espaço exíguo de algumas páginas. Para tanto, dividi o tema da seguinte forma: O homem no pensamento da antiguidade clássica e na Idade Media O conceito de pessoa A problemática do pensamento moderno Kant A fenomenologia A Antropologia de Karol Wojtyla            1.     A pergunta acerca do que seja o homem não é a que primeiro se apresenta ao espírito humano. No começo dos tempos, a preocupação dos homens voltava-se para a natureza. Mas, já na Grécia, Sócrates iria reconhecer que nenhum tipo de conhecimento seria superior ao que o homem pudesse ter dele mesmo. Tal conhecimento, entretanto, não lhe pareceria ser fácil de adquirir; daí que seu ensinamento visasse, indiretamente, levar o interlocutor a tentar compreender o que deveria ser o comportamento do homem virtuoso. Para conhecer o homem, Sócrates pretendia saber como o homem deveria agir. Depois de Sócrates, Platão mudaria de plano. Passaria do plano da introspecção subjetiva para o da objetividade metafísica. Para Platão, o homem estaria dividido entre dois mundos, o mundo da matéria, do corpo e o mundo das idéias, o mundo ideal. Assim, o homem estaria sempre em estado de tensão, atraído para o mundo das idéias pelo espírito, pela alma, mas preso ao mundo da matéria pelos sentidos, pelas sensações do corpo. Aristóteles, no mesmo plano, o da metafísica, tentaria reconciliar o homem consigo mesmo, reconciliando-o com seu próprio corpo. O homem, para Aristóteles, seria   matéria e forma, a matéria sendo o corpo, cuja forma humana seria dada pela alma, princípio de vida. Sendo princípio de vida,   todos os seres vivos, inclusive todos os animais e plantas também teriam alma. Enquanto integrante do universo, o homem seria um indivíduo de uma espécie, a espécie dos animais racionais. Distinguir-se-ia dos demais entes naturais apenas pela característica da racionalidade. A finalidade do homem, similarmente à dos demais entes naturais, haveria de ser a de realizar-se em todas as suas peculiares potencialidades. No caso do homem, esta realização seria o alcance da plenitude do seu desenvolvimento racional. E nisto consistiria sua virtude e sua felicidade Sto. Agostinho, no apagar da civilização antiga, acrescentou à compreensão do homem a característica do livre arbítrio, reconhecendo-lhe a dignidade de quem tem o poder de decidir o próprio destino. Esta dignidade foi a grande contribuição trazida pelo cristianismo, pois, para os antigos, o destino de cada homem estaria traçado à sua revelia. Oito séculos depois, no apogeu da Idade Média, Sto. Tomás de Aquino adotou de Aristóteles a conceituação metafísica segundo a qual o homem seria constituído de uma matéria, o corpo, princípio de individuação, e de uma forma, a forma humana, comum a toda a humanidade. Não obstante, a forma humana, isto é, a forma de um ser humano, seria dada a cada homem individualmente, a alma imortal criada por Deus para cada um, criada à imagem e semelhança Dele. A partir desta nova compreensão, a plenitude da felicidade do homem não seria mais alcançada apenas pelo exercício da racionalidade, pela realização da finalidade do homem, tal como era entendida por Aristóteles, mas pela realização da vontade livre do homem quando iluminada pela reta razão.   Em conformidade com a natureza da alma criada por Deus, a plenitude da felicidade somente se realizaria quando fosse realizada a finalidade para a qual cada alma havia sido criada, isto é, na visão Beatífica, na comunhão com o próprio Deus e na Sua contemplação. Não obstante, nem Sto. Agostinho nem Sto. Tomás estavam preocupados com questões de pura filosofia, mas sim com questões teológicas. Queriam, entretanto, traduzir a mensagem de Cristo de forma a que fosse familiar às mentes ocidentais, habituadas à linguagem da filosofia clássica. Ainda assim, desta nova acepção de homem, um homem dotado de livre-arbítrio, emerge o conceito filosófico de pessoa, inspirado nos grandes debates acerca da Santíssima Trindade: a pessoa é caracterizada pela capacidade de volver-se sobre si mesma. A pessoa tem consciência de si, é capaz de se auto-determinar, de livremente dispor de si mesma, de livremente doar-se. 2. O conceito de pessoa não se confunde com o de indivíduo. Este é comum a todos os entes materiais. A matéria é o que individualiza cada ente. Uma mesa difere da outra que lhe é idêntica, pela madeira específica utilizada na sua confecção. Dois irmãos gêmeos serão diferenciados a princípio, apenas porque possuem dois corpos que embora sendo iguais, são constituídos de matéria diversa. O indivíduo, enquanto indivíduo, busca atender suas necessidades de sobrevivência, busca tudo o que lhe for necessário para se manter vivo, busca alimento, abrigo, saúde, prazer e tudo o mais que atenda seus anseios de conforto material. Tanto os animais quanto as plantas fazem o mesmo para si e, no caso dos animais, para a prole. Trata-se mais ou menos do impulso a que Espinoza chamava de conatus, o empenho do ente de se manter na existência. Já a pessoa é uma totalidade constituída de corpo e alma espiritual. A pessoa tem todas as inclinações do corpo no sentido de se manter vivo, de buscar o máximo de bem estar físico para si e para os seus, e sob este aspecto é egoísta. Mas tem também, graças à alma espiritual, a inclinação para o outro, para o amor, para a dádiva de si mesma, e neste sentido a pessoa é capaz de ser – e tem vontade de ser- altruísta. A pessoa volta-se para o outro, para os outros, volta-se para a comunidade, para a sociedade, é capaz de assumir

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O Apóstolo Paulo e a Filosofia

O Apóstolo Paulo e a Filosofia

No seu polêmico Tratado Teológico-Político, Spinoza não poupa elogios ao apóstolo Paulo de Tarso, e afirma: “Paulo distingue duas maneiras de pregar, uma pela revelação, a outra pelo conhecimento, e daí, repito, o podermo-nos interrogar se nas epístolas eles [os apóstolos] profetizam ou ensinam” (Paulo duo praedicandi genera indicat, ex revelatione unum, ex cogitatione alterum, atque ideo inquam dubitandum, an in Epistolis prophetent, an vero doceant).

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Domínio da Opinião Publicada

Robson de Oliveira Silva Membro do Centro Dom Vital   Uma das características da ciência é sua tenacidade: quando uma pergunta é mal respondida, ela retorna persistentemente. O tema do Cristo Redentor do Corcovado já rendeu artigos em jornais e até reflexões (a)críticas de atalaias da imprensa, mas a pergunta continua na mesa. O ponto comum entre os comentaristas do episódio é a insistência em não dar voz ao contraditório no debate. A profusão de textos e comentários tenta dar a impressão de que a sociedade civil está em unânime desacordo com a primeira decisão da Arquidiocese do Rio de Janeiro, detentora dos direitos sobre a imagem da escultura. Mais: os que leem o jornal ou ouvem as sentinelas podem imaginar que há uma irreconciliável disputa entre os legítimos direitos da sociedade civil e as atividades civis dos cidadãos religiosos. A se dar ouvidos a Belloto, Boch, Rónai et caterva, a sociedade laica é aquela que não só ignora as demandas, mas a que impõe restrições cada vez maiores às atividades dos cidadãos e das organizações religiosas de qualquer credo. Deixemos que alguém isento, a quem não se pode acusar impunemente de “piegas” (como o ateu Jürgen Habermas), desfaça esse sofisma. Após algumas décadas de estudos sobre sociedade e religião, o pensador alemão discorda dos brilhantes e gabaritados articulistas e comentaristas, que pretendem submeter os cidadãos religiosos às suas opiniões publicadas nos jornais. Se pudessem – como o evento demonstrou – até a Constituição Federal seria ignorada em nome de suas preferências. Habermas, pelo contrário, afirma que: A neutralidade ideológica do poder do Estado que garante as mesmas liberdades éticas a todos os cidadãos é incompatível com a generalização política de uma visão do mundo secularizada. Em seu papel de cidadãos do Estado, os cidadãos secularizados não podem nem contestar em princípio o potencial de verdade das visões religiosas do mundo, nem negar aos concidadãos religiosos o direito de contribuir para os debates públicos servindo-se de uma linguagem religiosa[1]. A correta e justa laicidade do estado não significa a supressão do discurso e do direito à opinião nos assuntos públicos dos cidadãos religiosos e de suas organizações. Antes, significa que nem um lado deve impor pela força sua perspectiva sobre o outro, mas se incentiva a liberdade de expressão e o diálogo entre as partes. Para arrepio dos articulistas e vigias da imprensa, não vem do arcebispo ou da cúria do Rio de Janeiro, mas é o próprio Habermas quem alerta que “a filosofia[2] tem também motivos para se manter disposta a aprender com as tradições religiosas”[3]. O lastimável massacre da liberdade de se crer, testemunhada nas últimas semanas, nada tem a ver com democracia, nem com liberdade, muito menos com bom jornalismo. E isso independe do fim equivocado do episódio. Ainda que a Arquidiocese mantivesse sua primeira decisão, o evento seria um ponto cinza na história do jornalismo carioca. Trata-se da decisão vergonhosa de não permitir o contraditório, de amordaçar o diferente. Se ouvir os argumentos contrários não bastasse para mudar a posição dos debatedores, ao menos poderia dar aos leitores e ouvintes uma ideia mais clara dos temas que estão em jogo; e se nem isso fosse alcançado no diálogo, ao menos daria a possibilidade de defesa aos réus da opinião jornalística publicada. O que se viu nesses dias foi o desfile de opiniões sobre e a despeito do que a ciência sociológica mais abalizada preconiza. Tudo isso seguido da decisão de ceder à pressão dos jornais. Mas adivinha: a pergunta ainda está em cima da mesa. [1]HABERMAS, Jürgen; RATZINGER, Joseph. Dialética da secularização: sobre razão e religião. Aparecida: Ideias e Letras, 2007, p. 57. [2] [ou a racionalidade laica – comentário nosso] [3]HABERMAS, Jürgen; RATZINGER, Joseph. Dialética da secularização: sobre razão e religião. Aparecida: Ideias e Letras, 2007, p. 47.

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Inter Mirifica

Carlos Frederico Gurgel Calvet da Silveira Presidente do Centro Dom Vital Entre as coisas admiráveis (inter mirífica) de nossa época, estão “aqueles meios que não só por sua natureza são capazes de atingir e movimentar os indivíduos, mas as próprias multidões e a sociedade humana inteira, como a imprensa, o cinema, o rádio, a televisão e outros deste gênero, que por isto mesmo podem ser chamados com razão de Instrumentos de Comunicação Social” (Decreto do Vaticano II). O Vicariato de Comunicação Social e a Assessoria de Imprensa da Arquidiocese do Rio de Janeiro confirmam as palavras do documento conciliar. Os meios de comunicação, e também as forças políticas, foram capazes de movimentar se não multidões em número (pois muitos católicos apoiaram a primeira decisão da Arquidiocese), ao menos o “espírito de multidão”. Com efeito, parece que, com este espírito, os órgãos arquidiocesanos, sensíveis ao jornalismo e ao mundo artístico carioca, reverteram o parecer da nossa querida Arquidiocese sobre o veto ao uso da estátua do Cristo Redentor do Corcovado, na cena do filme em que um ator termina suas lamúrias ao símbolo religioso mais famoso do Rio com um gesto obsceno (uma “banana”, conforme o declarado no Globo há cerca de duas semanas). Dizia ontem a respeito do artigo de Bellotto: “diurnarius diurnarium fricat”. Que dizer dos achincalhes, da falsa doutrina, do deboche, do vilipêndio contra os católicos que pulularam no Globo com as matérias de Cora Rónai, Arnaldo Bloch, Frei Betto, Tony Bellotto, além dos próprios envolvidos no filme? Esperamos que a Comissão de Doutrina da Fé da Arquidiocese reafirme as belas mensagens da fé cristã que foram “vilipendiadas” nesses artigos. Os Evangélicos, que não têm imagens em seus templos, hão de estar ofendidos e admirados (“mirífici”) com a decisão do Vicariato e da Assessoria de Imprensa da Arquidiocese. Eles nunca imaginariam que católicos pudessem recuar assim no tema em pauta, especialmente porque estes, com certa razão, e num passado recente, clamaram contra um pastor que chutara a imagem da Virgem, a Mãe do Redentor. Lamento por ter participado com a Arquidiocese, da propaganda do filme em pauta, ainda que involuntariamente. Lamento ademais por ser um filme de José Padilha, que ainda não disse a que veio no cinema nacional, ou melhor, disse, na ordem da movimentação de verba, mas seus filmes não trazem grande interesse à vida do espírito. Contudo, guardarei na memória, do Globo de hoje, a mais consequente proposta defendida por Padilha em resposta à generosidade da nossa Arquidiocese: “­Não há espaço para a censura religiosa em países civilizados, que respeitem a liberdade de expressão e a crítica aberta de ideias. Resta saber se a sociedade carioca e a prefeitura vão agir para formalizar juridicamente a ideia de que o direito sobre a imagem do Cristo pertença a todos, como deve ser o caso para monumentos desse tipo”.

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Associação de leigos católicos, dedicada, desde 1922, à difusão da fé e à evangelização da cultura no Brasil: revista A Ordem, palestras, cursos, etc.