Tenham cuidado certos líderes religiosos iracundos, sem falar da lavagem de dinheiro, porque viverão no pântano da própria raiva
A obra de Dante permanece viva, com uma notável atualidade. O poeta florentino tornou-se, ao mesmo tempo, autor e personagem de uma obra que navega no imaginário de línguas e povos, como se fosse um fantasma vivo, no palácio da luminosa metáfora que é a “Divina comédia”. Seus cantos foram escritos no exílio, subindo e descendo escadas que não eram as de sua própria casa e comendo o pão salgado longe de sua amada Florença. Trata-se de uma grande poesia, como sabemos todos, não apenas teológica ou filosófica, mas igualmente política, vivida com ardor e esperança, ódio ostensivo e um tênue desejo de reconciliação. Se você desceu até o último canto do Inferno, continue a leitura pelas escarpas do Purgatório e mergulhe, de óculos escuros, na luz imaterial do Paraíso, que continua até hoje como um programa de vanguarda poética.
Dante tomou para si a tarefa de julgar amigos e inimigos, legislando sobre o lugar no outro mundo e o tipo de pena ou fruição. Ele próprio temia ficar provisoriamente entre os soberbos do Purgatório.[…]